terça-feira, 21 de abril de 2009

Antes de Abril chegar




É cansativo fingir ser forte todos os dias
Abrir os olhos de manhã já tem demandado
Todas as forças que eu não tenho
Levantar da cama então parece exigir um esforço sobre-humano.
Hoje, quando o sol nasceu pela última vez neste março
Um par de olhos não pôde mais se abrir para encontrar com a luz do novo dia
Foi a liberdade cobrando seu preço para se deixar alcançar.
Enquanto reúno as forças que especialmente hoje não tenho
Para me levantar e seguir com o meu dia
Me pergunto para que lugar se mudou todas as lembranças
Que antes habitavam a cabeça daquele corpo agora inerte
Alguém se incomodaria caso elas continuassem morando
Nos cômodos agora vazios da casa deserta?
Eu não consigo mais apagar a luz à noite
Tenho medo de encarar no escuro o vazio que me preenche
Já me parece o bastante ter que encontrar um espaço aqui
Para muitas das lembranças desabrigadas que eram minhas também
E agora chegam aos montes me cobrando um cômodo para se instalarem...
Eu teria dado uma parte de mim pra não ter que sentir o vazio
Que todas essas lembranças estão trazendo consigo.
Por isso, volto a dormir o resto do dia
Não para fugir da vida lá fora ou esquecer o que me incomoda,
Mas para sonhar que agora as minhas andorinhas voam juntas por aí
E quando o sol se for nesse último dia de março
Elas não precisarão mais seguir por caminhos diferentes,
Pois não precisam mais fingir terem uma força que não têm,
Não precisam mais de força alguma
O peso de suas dores elas deixaram
Para os que ainda não podem ser levados pelo vento.
(Escrito em 31 d março)

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