domingo, 22 de junho de 2008

A um(a) grande mestre(a)


Quem vê cara não ouve coração

Não tem como saber se a batida dentro daquele peito

Está descompassada e se por dentro, tudo está em pedaços

Não tem como saber se aquela cara (bonita ou não)

Chora às vezes antes de dormir

Quando sai de dentro da armadura

Que já lhe incorporaram, pensando ser ela própria.

Quem vê passando diante de si tanta segurança em forma de gente

Pode até jurar que há ali alguém pretensioso o suficiente

Para roubar o lugar de Deus, quando na verdade

Pode ser que haja apenas alguém cansado de ser o que todos vêem,

Morrendo de vontade de ser simplesmente o que é

(Embora não haja nenhuma simplicidade em ser simplesmente o que é).

Um bom mestre sempre tem entre seus pupilos fãs e rivais

Sabe como lhes provocar medo, raiva ou amor

E fazer com que cada uma de suas palavras ditas (e não ditas)

Transformem-se numa polêmica explosiva

E não apenas numa oração pra ouvir um “amém” como resposta,

Um bom mestre, quase sempre se transforma em (anti)herói.

Não é nada fácil o papel de criador

Principalmente quando as criaturas ficam perfeitas demais

Para aceitar que quem as criou é humana,

Mesmo que pareça um pouco absurdo, de vez em quando

Precisamos lembrar que os humanos sangram, mesmo os (anti)heróis...

Que possamos seguir o exemplo da Lua

Que se enche de brilho e beleza, mesmo sabendo

Que seu brilho causará tanta inveja no sol

Que ele lhe deixará por noites sem luz

E ainda sim ela continuará lá, para se encher de brilho novamente

E por inúmeras vezes, apesar de seus dias de escuridão

Ela ainda estará lá, sorrindo enquanto cresce.

Que nós sejamos capazes de, mesmo que uma vez ou outra

Superar o fato de nossos criadores serem,

Apesar de tudo, humanos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é Lumi, a humanidade nos pertence! Quem olha não vê, supõe. O perigo de supor apenas é negar a existência autônoma do outro.
Bjo
G