Quem vê cara não ouve coração
Não tem como saber se a batida dentro daquele peito
Está descompassada e se por dentro, tudo está em pedaços
Não tem como saber se aquela cara (bonita ou não)
Chora às vezes antes de dormir
Quando sai de dentro da armadura
Que já lhe incorporaram, pensando ser ela própria.
Quem vê passando diante de si tanta segurança em forma de gente
Pode até jurar que há ali alguém pretensioso o suficiente
Para roubar o lugar de Deus, quando na verdade
Pode ser que haja apenas alguém cansado de ser o que todos vêem,
Morrendo de vontade de ser simplesmente o que é
(Embora não haja nenhuma simplicidade em ser simplesmente o que é).
Um bom mestre sempre tem entre seus pupilos fãs e rivais
Sabe como lhes provocar medo, raiva ou amor
E fazer com que cada uma de suas palavras ditas (e não ditas)
Transformem-se numa polêmica explosiva
E não apenas numa oração pra ouvir um “amém” como resposta,
Um bom mestre, quase sempre se transforma em (anti)herói.
Não é nada fácil o papel de criador
Principalmente quando as criaturas ficam perfeitas demais
Para aceitar que quem as criou é humana,
Mesmo que pareça um pouco absurdo, de vez em quando
Precisamos lembrar que os humanos sangram, mesmo os (anti)heróis...
Que possamos seguir o exemplo da Lua
Que se enche de brilho e beleza, mesmo sabendo
Que seu brilho causará tanta inveja no sol
Que ele lhe deixará por noites sem luz
E ainda sim ela continuará lá, para se encher de brilho novamente
E por inúmeras vezes, apesar de seus dias de escuridão
Ela ainda estará lá, sorrindo enquanto cresce.
Que nós sejamos capazes de, mesmo que uma vez ou outra
Superar o fato de nossos criadores serem,
Apesar de tudo, humanos.
Um comentário:
Pois é Lumi, a humanidade nos pertence! Quem olha não vê, supõe. O perigo de supor apenas é negar a existência autônoma do outro.
Bjo
G
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