domingo, 4 de maio de 2008

Guarda-roupa

Eu abro as portas, deixo o ar entrar... eu consigo ouvir os fios de algodão de cada peça de roupa suspirar aliviado. Toda liberdade tem seu preço, mas qualquer preço é barato demais pra sentir a vida entrando pelos pulmões e, à partir daí, poder acreditar sem medo q nem mesmo o céu é o limite!
Depois de uma semivida, vazia, obscura e inútil, agora finalmente a liberdade chegou. Veio em forma de um pedaço de raiz queimada, conhecida originalmente por Érika, mas batizada popularmente de carvão.
Não, o carvão não serve apenas pra queimar, para arder, ser consumido, depois virar um monte de cinzas q, eventualmente, o vento levará... ele serve também como chave para a libertação, dependendo do q signifique essa libetarção.
O guarda-roupa agora sorri, tenho certeza! Vida nova pra ele agora, seus dias de abandono, solidão e vazio chegaram ao fim e nem mesmo a chuva pode estragar esse momento de renovação, não há mais porque temê-la ou odiá-la, só eu tenho esse direito, uma vez q vou ter q lavar novamente cada uma das roupas q a chuva não deixou secar.
Mas não há porque pensar nisso agora, as coisas estão voltando aos seus devidos lugares, o ambiente se tornou habitável de novo. Tudo o q servir exclusivamente pra ocupar espaço, terá q partir, abrir espaço para o novo, para as coisas realmente úteis.
As coisas parecem estar voltando ao normal, isso é o mais anormal. Mas o q eu esperava? Encontrar dentro do guarda-roupa um receita milagrosa pra seguir em frente?
Eu não acredito q tal receita exista e, mesmo q ela exista e alguém a conheça, não creio q ela chegue até mim e, mesmo q ela chegue até mim, não creio q chegue à tempo. As informação têm um estranho hábito de demorar um certo tempo à mais até conseguirem me encontrar. Por isso, mesmo q essa receita exista, eu já estarei bem mais à frente quando ela me encontrar.

Eu tenho sorte, sim, tenho muita sorte! Eu posso rir sozinha durante horas depois de me impanzinar com qualquer coisa, eu consigo me sentir feliz e achar q cheguei à porta do paraíso, apenas por isso.
É, eu tenho sorte, tenho uma pistola de cola quente, tenho um travesseiro mofado, tenho uma biscicleta com pneu seco, tenho um violão desafinado, tenho roupas molhadas no varal, tenho uma sandália com o salto quebrado, tenho uma tv q não pega canal nenhum... eu tenho um guarda-roupa! Tenho muita sorte, pois mesmo com cada uma de suas imperfeições, essas coisas, são as coisas q eu tenho e não há nada mais perfeito q isso.
Não me importa se os cabides não forem suficientes, sempre haverá um espacinho sobrando em alguma gaveta e, na falta do ferro de passar, eu passo a mão, sento em cima, qualquer coisa do tipo e tenho certeza de q, mesmo o efeito não sendo o mesmo, a intensão não poderia ter sido melhor. Andar por aí amarrotada, sem ligar para o q vai parecer... isso também é liberdade! Já perdemos tempo demais brincando de perfeição
Agora eu posso fechar a porta do guarda-roupa tranquila, ele agora tem um parceiro pra lhe ajudar na luta contra o mofo e não mais perecerá. É, ele está livre, nós estamos livres! Há muita sorte nisso, não é difícil perceber.
Então, todo trabalho valeu à pena. Quem não concorda q tudo valeu à pena, é porque com certeza não chegou até aqui!


"Liberdade é escolher a sua própria prisão."

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