terça-feira, 6 de maio de 2008

No balanço da rede

Quando a gente cresce e passa daquela fase em q os problemas são resolvíveis, a gente costuma achar q todas as coisas eram bem mais simples, bem mais bobas do q realmente eram.
Os mais religiosos costumam dizer q Deus nunca nos dá uma cruz mais pesada do q somos capazes de carregar, mas na verdade, a cruz só é leve quando é nos ombros dos outros.
Eu tenho saudade de quando eu cabia num colo e um abraço era suficiente pra me preencher por completa... tenho saudade de como sempre tinha alguém pra amarrar os cadarços do meu tênis, passar um remedinho no meu "dodói" e me dá um pirulito pra eu parar de chorar.
Parece frase de livro de auto-ajuda falar q não há tempo melhor do q o presente e o q passou não faz falta nenhuma, porque a hora de ser feliz é essa... eu sinto falta das coisas q passaram e não vão voltar.
Sinto saudade daquele natal quando tudo o q me fazia mais feliz era chaqualhar as caixinhas vazias q enfeitavam a árvore, só pra descobrir se tinha alguma coisa dentro. Eu sinto falta daquele balanço da rede, acompanhando uma canção de niná, até q eu finalmente durmisse em paz e deixasse papai e mamãe durmirem em paz também.
Hoje sou só alguém passando... eu sou aquela pessoa sentada ao lado da janela no ônibus, com mil coisas na cabeça, até q o sono consiga me vencer, sem canção de niná, mas com um balanço bem parecido com o da rede: o balanço de quem está indo, mas vai voltar e não vai permanecer.
Hoje sou só alguém q vai não sei pra onde, procurar por não sei o quê e, quando encontra, larga pra procurar por alguma outra coisa q também não sei o q é, por onde não sei ainda.
Me disseram q isso é mobilidade, eu acho q pode até ser, mas eu prefiro acreditar q é aquele balanço da rede, q continua me balançando todos os dias, mesmo quando a rede não está armada, mesmo quando não há armador.
Eu sinto saudade daquela mão q balançava minha rede, eu ando por aí procurando-a, mas eu sei q não vou encontrá-la por aí, numa beira de estrada, tirando fotos, ou esperando carona. Minha rede agora balança sem mão alguma, só com um esboço de vento e meus pés batendo no chão.
Eu prefiro acreditar nesse balanço da rede, q vinha junto da canção, q não parava até q eu realmente estivesse em paz, q ainda hoje embala meu sono e guarda meus sonhos.



"Esteja você onde estiver, resista bravamente ao que já não somos mais..."

Um comentário:

Anônimo disse...

Lumara você como sempre deixa qualquer um sem palavras!!!! Sou sua fã nº 1!!!!!!!!!!!!!!