segunda-feira, 28 de abril de 2008

Borrachas...

Todos os seres estão direcionados (não gosto muito do "destinados") à morte, todos somos seres para a morte, ou como diria Freud, todos tendemos ao inanimado.
Durante esse percurso procuramos nos prender o máximo q pudermos à matéria, como uma forma de sentirmos q ficará algo de concreto das coisas abstratas, talvez por isso nos prendemos tanto aos objetos.
Um anel, um papel, ou mesmo uma borracha pode vir me falar mais sobre o q vivi do q fotografias. Aquele objeto aparentemente inútil aos olhos dos outros, tem mais histórias sobre minha vida do q qualquer pessoa seria capaz de entender. Ah se minha borracha falasse...
Mas por que tal apêgo por uma borracha? Pode ser essa ligação dela com meus erros, ou o fato dela ter o poder de corrigir vários deles, quando eu sozinha muitas vezes não consigo.
Eu não vivo de reminiscências, deixo esse tipo de vida para os neuróticos, os esquizofrênicos, eu já passei dessa fase, já consegui me lançar um pouco mais na frente, quem sabe finalmente pra fora de mim.


Quanto às borrachas... preferia não prendê-las. Desejo q elas possam cumprir com seu papel de ser-com-outro apagando aquilo q é necessário no meu processo de transcendência e q possam ter seu merecido descanso quando sua hora de ser-no-mundo se aproximar do fim. Não há motivo para prendê-la, as lembranças q ela deveria trazer consigo foram todas apagadas e espalhadas nos farelos q caíram no chão quando eu soprei.
A saída é se entregar às novas borrachas, deixar q as velhas partam, por mais difícil q possa parecer. Não é nela q estão as lembranças q eu não quero esquecer, é em mim q está. Eu não preciso de algo q apaga pra ter sempre comigo as coisas q eu não quero q o tempo apague. Mas aí eu olho praquele pedacinho verde (ou branco) e lembro de quantas vezes ela foi tão útil, de quanta gente importante pra mim já se utilizou dela pra apagar alguma coisa q precisava... como se livrar de uma companheira q me acompanhou durante tanto tempo por tantos lugares e me lembra tanta gente, tantas coisas?
Faz parte do processo, é preciso se libertar um pouco, principalmente das coisas materiais, principalmente das inúteis. Eu sou um ser q desejo transcender, q desejo a vida, embora isso me torne um ser-para-a-morte. Vou buscar minhas memórias nos lugares certos e usar as borrachas novas para apagar velhos erros.

"Memories are just where you laid them" (Memórias estão apenas onde você as enterrou)

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