sexta-feira, 11 de abril de 2008

A linha


Os medos ainda são os mesmos e eu não me sinto crescida o suficiente para deixar de senti-los, tenho medo de quando eu sinto medo e não tem ninguém por perto pra fazer passar.
Quando eu tinha me acostumado com o escuro, uma luz lá longe acendeu e eu senti falta... quando eu achei q estava preparada pro escuro, a luz apagou e eu me senti uma criança de novo, mas não tinha ninguém pra segurar minha mão nem me dá um colo.
Estavam construindo uma casa para restringir minha liberdade, mas então perceberam q se você prende uma pessoa, você se torna responsável por ela e aí abriram as grades da minha gaiola. Não me perguntaram se eu queria ficar livre, não me ensinaram como ser livre, apenas me expulsaram. O q alguns têm por prisão, eu tenho por refúgio.
Eu paro num lugar qualquer por aí, onde todos ao redor estão apenas de passagem e fico encarando a linha do horizonte quase perdida no meio da neblina... lá existe algo esperando por mim, enquanto aqui espero alguém. Sempre há algo esperando por alguém lá depois daquela linha, enquanto algo aqui espera por mim.
Eu ainda não posso ir ao encontro da linha, é preciso q eu aprenda coisas por aqui ainda, como ser uma boa garota, seguir à risca as ordens médicas, não ir durmir tarde quando tiver aula na manhã seguinte e cumprir com as minhas obrigações, como estudar e lavar minhas roupas.

Eu pensava q era criança demais pra já não ser mais tão criança, mas aí eu cresci enquanto os dias iam passando por aqui e nem tinha percebido o quanto.
Ainda grita pedindo pra sair a criança em mim, mas eu construí em mim uma casa para abrigá-la na sua restrição de liberdade. Tenho plena consciência de q já q prendi-a, ela é responsabilidade minha, mas não pretendo soltá-la, ela está protegida agora. Do lado de fora não há mais lugar seguro capaz de te proteger de si!
Meu ombro amigo é abrigo q me livra de todos os medos, capaz de me proteger de mim mesma, mesmo quando eu não quero. Eu o recebo com meu melhor sorriso e meu abraço mais apertado, é então q a linha no horizonte parece ter cansado de me esperar e veio ao meu encontro.
Na verdade, ela ainda continua lá imóvel, apenas mandou um mensageiro seu pra me avisar q não preciso ter pressa, ela estará me esperando quando eu estiver pronta. Agora só o q preciso fazer é aproveitar esse colo abrigo, esse silêncio compreensivo e me permitir soltar minha criança vez ou outra para q ela veja q o mundo ao qual pertencia já não lhe oferece mais proteção e o q ela tem por prisão, na verdade é um refúgio.



"Entre duendes e fadas a terra encantada espera por nós..."

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