segunda-feira, 14 de abril de 2008

É véspera

Me ensinaram q o sujeito é individual, é agir e pensar ao mesmo tempo, mas será q eu consigo?
A mesma pessoa me ensinou q quem morre na véspera é peru de natal... me sinto como um hoje.
É véspera... a hora do abate então se aproxima, mas ainda assim não consigo me preocupar. Sou uma perua conformada, não começo a arrancar minhas penas antes da hora, deixo q meu carrasco faça isso.
Passarei a noite em claro, ao menos por desencargo de consciência, afinal, é véspera, tenho q ter a consciência tranquila pra hora esperada, ainda q o preço seja meus olhos pesando de cansaço.
Quero q tudo hoje valha à pena... todos os minutos q passei driblando minhas obrigações e deixando-as pra depois, todos os poemas q escrevi, todas as cartas q enviei (e nunca chegaram a seu destino), todas as pessoas com quem dividi meu tempo até aqui, todos os meus "irmãos" perus, q assim como eu, também estão inquietos nessa véspera.
Eu não sei se consigo agir e pensar ao mesmo tempo, me é um custo fazer um dos dois de cada vez, quanto mais os dois! Mesmo assim, ainda não tenho certeza de que sou um sujeito, muito menos q sou individual, mal me descobri como sendo pessoa, quanto mais toda essa complexidade q envolve o conceito de "pessoa".
Minha única certeza é de q não sou predicado, nem objeto (tanto faz se direto ou indireto). Sou sujeito mesmo, não sei se oculto ou inexistente, mas é o q sou.

Quando eu finalmente consegui arrumar um pouco a bagunça na minha cabeça, olhei ao meu redor e vi a bagunça na minha casa, daí parei, pensei um pouco e percebi a bagunça também nas minhas tarefas, nos meu horários... não sei porque ainda anoto coisas na minha agenda, se não vou mesmo me lembrar de olhar lá depois pra saber o q tem programado.
Acho as agendas uma invenção muito útil, pra anotar coisas q poderia ter sido eu a escrever primeiro, ou falar primeiro, ou pensar primeiro.
Pra mim uma agenda não serve pra agendar, mesmo aqueles q programam tudo com antecedência e já têm todo um esquema de tudo q precisam fazer, a vida tá sempre exigindo improvisos, talvez seja por esse motivo (ou com essa desculpa) q eu sempre acabo improvisando, já desisti de ensaios.
As coisas realmente importantes, eu lembro independente das agendas. Hoje é véspera, isso não dá pra esquecer e não tem agenda nenhuma q me faça lembrar de tudo q preciso pra quando a véspera se transformar em ontem.
Espero q depois de depenada, eu seja ao menos temperada com amor (e não tô falando de sazon).
Espero q não esqueçam do milho verde (eu sempre esqueço), faz toda a diferença!
Espero q não sobre nada, porque o q sobra sempre corre aquele velho risco de ir parar no lixo.

É véspera e eu não me importo. Quem quiser q traga suas armas, a única q eu tenho é minha calma.

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